Permitam-se definir a sensação de ler este primor literário. É algo próximo de um verme dentado chupando seu estômago a cada página, tornando-o incapaz de largar o livro pelo simples fato de querer acabar com a dor o mais rápido possível. Como é de conhecimento geral, algumas pessoas sentem prazer com o sofrimento, de modo que a série adquiriu uma quantidade exagerada de fãs masoquistas sedentas por mais um pouco daquele néctar pútrido.
Não bastasse todo o escândalo causado pela popularização do livro -- afinal de contas, nem todo mundo se interessa em ler publicações no idioma original --, eis que surgiu o filme. Crepúsculo estava para invadir as telonas e as twilight freaks finalmente arranjaram algo para cultuar além de um vampiro metrossexual fosforecente: o ator metrossexual fosforecente.
E olha que ele nem é lá essas coisas.
Por que ele está sempre com essa cara de constipado?
O filme passou, a euforia ficou. A sequência, galera. A SEQUÊNCIA. São quatro livros. Se o primeiro foi um estouro, imagina quanto dinheiro os produtores ainda não poderiam levantar com as continuações e produtos? Há!
Apostando na psicose das fãs, a pré-venda quase dois meses antes começou. Lá pro final de setembro a mesma amiga que me apresentou Twilight me ligou, estabelecendo um divisor de águas na minha vida. Antes eu era uma reles mortal. Depois eu era uma mortal com um ingresso para assistir Lua Nova. No dia 20 de novembro de 2009 eu me juntaria à horda de histéricas encalhadas para assistir seu
Ah, como sou sortuda. ♥
Ah, como me arrependi. †
Quem me conhece sabe que tenho um pequeno... probleminha com horários. Neste dia, no entanto, estava tão feliz por reencontrar minha amiga que consegui chegar dez minutos antes da sessão começar. Vi algo mais ou menos parecido com isso na porta do cinema:
Já dentro da sala do cinema agradeci fervorosamente pelo meu distúrbio com horários. Se não fosse por ele eu estaria junto com a minha amiga no momento em que o FÃ CLUBE de Crepúsculo mandou as fãs GRITAREM e entrevistou as interessadas. Minha amiga foi uma delas.
Como ainda preservo alguns neurônios funcionais, pedi para sentar ao lado da mãe da Luisa, já que ela seria a pessoa mais sã dentro daquela sala de cinema. Não deu outra, no meio do filme ela estava dormindo e me abandonou no meio das twilight freaks. Não chamarei a experiência de Inferno na Terra, mas foi bem próximo. Assim que o logo do estúdio apareceu as gurias já gritavam a plenos pulmões. Quando os dizeres "new moon" começaram a brotar na tela, meus tímpanos já sangravam. E foi assim até o final do filme. A cada personagem, carro e arbusto que aparecia na tela elas se esgoelavam mais e mais alto. Houve momentos em que não consegui ouvir diálogos do filme em meio a tanto barulho. Após uma hora eu já bocejava e olhava direto para o celular, rezando para que acabasse.
Foi só duas horas e meia depois que Edward Cullen recitou sua frase mais marcante de toda a série:
-- Marry me.
Após alguns orgasmos múltiplos de quase todo o público (eu e a mãe da Luisa estávamos quase dormindo), os créditos vieram e a sala começou a esvaziar. Tudo o que sei é que acabei sozinha para descer a escada rolante e quase perdi meu pé. Apesar de ter um segurança supostamente controlando o fluxo, ele deixou todo mundo descer e as pessoas ignóbeis, ao invés de sairem da frente, se concentravam na boca da escada para pegar a próxima. Resultado: fui comprimida entre quem já descera e quem estava atrás de mim. Se não fosse meu treinamento ninja e o cara à minha frente, certamente perderia minha linda melissa preta e meus belos dedinhos do pé manicurados.
Resumindo tudo: o filme é um cu, odeio twilight freaks e nunca, nunca mais vou ao cinema com a Luisa.