quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Você me enganou.

Certas coisas deviam durar para sempre. Um abraço, por exemplo, é o que há de mais gostoso nesse mundo. Calor humano com uma pitada de carinho. Aquele apertado ao reencontrar alguém ou um rapidinho pra cumprimentar. Sempre fazem bem.

Sobremesas também. Elas dão o toque doce à refeição, seja ela boa ou não. Não há como esquecer um bom merengue de morango - se você gosta de morango, claro. Bem como é impossível não lembrar do primeiro beijo. Aquele mesmo, desajeitado, onde você não sabe o que fazer com o dentes. Na hora bate um nervoso, mas a memória é divertida.

Amigos.

Esses sim, deviam ser eternos. A amizade é uma coisa tão maravilhosa que, depois de conquistada, devia ficar guardada como um troféu, dentro da gente. Infelizmente, ela é tão frágil, quanto aqueles cristáis de decoração. Qualquer movimento em falso ou esbarrão podem, facilmente, destruir tudo.
Confiança é difícil de conseguir. Precisa de cultivo, dedicação e vontade. Juntando os três com uma generosa parcela de tempo, surge o rascunho de uma amizade. Uma beleza mesmo. Parece que o mundo ganha um tom de cor novo e você já consegue se imaginar dali uns 50 anos, sentado revivendo aqueles momentos engraçadíssimos.

Só que... não é bem assim. Já disseram sabiamente por aí.
"Nada dura para sempre...", pois "tudo que é bom, dura o tempo necessário para se tornar inesquecível".
O curioso é: ninguém busca memórias quando se aproxima dos outros. Esperamos dividir, compartilhar. Se isso acaba, as lembranças ficam, sem dúvidas. Mas machucam por muito tempo até se tornarem agradáveis. Ao ponto de se considerar o afastamento como consolo.

Esperar o melhor das pessoas é como uma caixinha de surpresas. Emocionante, contudo, sempre há a chance de ser algo ruim. É por isso que estamos nos fechando cada vez mais. As defesas são cada vez mais altas e nós cada vez menores. Procurar conforto em si próprio nunca pareceu tão tentador.

Não pensem que estamos nos fechando, que não acreditamos nas pessoas. A ingenuidade chega a irritar. Mas vocês fazem isso. Nos jogam aqui.
Acreditamos neles, eles é que não lembram de nós. Ah, meu Deus, como fazem falta...
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